Sintomas de tendinite
- Dr. Álvaro Souto
- 17 de ago. de 2018
- 7 min de leitura
A tendinite é um problema em que o tendão, estrutura responsável por ligar músculo e ossos. Em geral, denominamos de tendinite a condição de inflamação do tendão. Neste texto, vamos abordar a tendinite patelar, já que ela é uma das condições que mais frequentemente provoca dores na região do joelho. Acompanhe tudo sobre a inflamação, incluindo as causas e sintomas de tendinite!

Casos de tendinite se desenvolvem em diferentes partes do corpo. Sua ocorrência mais comum é em articulações que se movimentam muito no dia a dia. É o caso, por exemplo, do ombro, em que a inflamação é chamada de tendinite supra-espinhosa. O problema é igualmente habitual no cotovelo (epicondilite), no tendão de Aquiles (calcânea) e no joelho (tendinite patelar – uma das mais comuns).
A tendinite patelar ocorre no tendão abaixo da patela. Ali, há o tendão patelar, que liga a rótula à tíbia. O problema se desenvolve devido a degeneração e inflamação da estrutura e costuma aparecer de forma gradual. Ao longo da inflamação, contudo, as dores e demais sintomas aumentam. Se não tratada, a condição pode dificultar bastante o movimento da perna do indivíduo e a realização de atividade física.
Além destes, um “público” comum para a tendinite são os idosos. Nesses indivíduos, porém, a inflamação se desenvolve devido ao desgaste natural e progressivo do tendão, algo a que todos estão sujeitos ao longo da idade.
Sintomas da tendinite
Entre os sintomas da tendinite, sem dúvida o que mais se destaca é a dor na área abaixo da patela e, às vezes, no centro do joelho. O sinal surge e se desenvolve gradualmente, aumentando sua intensidade à medida que a inflamação também se intensifica ou que o indivíduo não para a atividade que deu início à sobrecarga.

Quando o indivíduo realiza movimentos mais intensos, especialmente durante a prática de esportes, o sintoma piora e, por vezes, pode se tornar incapacitante.
Ainda pode ocorrer de o paciente com tendinite patelar apresentar inchaço no joelho, e certa rigidez da região, especialmente ao acordar.
É importante destacar que a dor dessa inflamação não costuma se irradiar para outros locais da perna. Caso isso ocorra, é provável que o problema seja outro ou que a tendinite patelar seja apenas um dos diagnósticos. Independentemente da causa do sintoma, no entanto, é fundamental que o indivíduo busque diagnóstico médico e tratamento adequado.
“Estágios” da dor
É possível dividir a tendinite no joelho em alguns estágios, cada um deles caracterizado por intensidades diferentes da dor.
No estágio 1, por exemplo, o paciente afetado percebe um desconforto após realizar atividade física. Especialmente se essa atividade envolve saltos. Nessa etapa, entretanto, o indivíduo ainda consegue finalizar o exercício sem grandes problemas.
Já na segunda fase da inflamação, a dor surge logo no início do treino. Aqui, o tendão também pode se mostrar inchado, e o joelho sensível ao toque.

Finalmente, na terceira fase da tendinite o processo inflamatório está consolidado, e a dor se torna crônica. A resolução da inflamação nessa etapa é mais complicada e o tendão dificilmente obterá sua elasticidade normal. O paciente ainda precisa abandonar a prática esportiva por um tempo, e buscar outra que não exija do joelho, enquanto ele faz o tratamento.
Considerando essas etapas, é essencial que o indivíduo busque auxílio médico até o momento da fase dois. Se a dor se tornar mais comum e surgir logo no início de um exercício, ligue o sinal de alerta. Do contrário, a inflamação poderá evoluir e causar problemas ainda maiores.
Causas da tendinite
Como citado anteriormente, a inflamação do tendão patelar ocorre devido ao desgaste u sobrecarga na estrutura. Este desgaste, assim como de qualquer parte do corpo, é algo que acontece naturalmente com o avanço da idade. Afinal de contas, quanto mais uma estrutura é utilizada, mais gasta ela se torna. Logo, a condição é mais comum após os 30 anos.

Contudo, existem situações em que o tendão pode se desgastar mais rapidamente do que o considerado natural. Isso ocorre quando ele absorve impactos em excesso e recebe pressão exagerada.
São diversas as situações em que esse exagero pode ocorrer no dia a dia. Primeiro, com a execução incorreta do esporte. Antes de iniciar um exercício físico, o atleta precisa preparar seu corpo com um bom programa de fortalecimento. Caso não o faça, poderá desgastar mais facilmente o joelho.
A prática exagerada de esportes é igualmente perigosa. Tal qual o aumento exagerado e abrupto do volume de treino. Além disso, utilizar calçados desconfortáveis também pode ser um problema. Tanto na prática de esportes, quanto no cotidiano.
Finalmente, desequilíbrios musculares podem favorecer o desgaste dessa estrutura. Por isso, é fundamental cuidar para que os músculos das pernas permaneçam fortes, independentemente do esporte realizado.
Diagnóstico do problema

Para o diagnóstico da tendinite, o especialista busca entender primeiro os sintomas do indivíduo: se há dor, inchaço e qual a localização. Com essas informações conhecidas, ele terá maior noção da possibilidade da inflamação, e vai solicitar exames para confirmar a suspeita.
Os exames que diagnosticam o joelho de saltador são a ultrassonografia e a ressonância. Ambos os testes dão ao especialista a possibilidade de verificar o interior da perna e a inflamação do tendão. A radiografia é uma exame que costuma ser pedido, mas permite apenas eliminar a existência de uma fratura, que provocaria sintomas parecidos na região.
Ademais, o paciente pode passar por uma ressonância magnética. O exame permite a análise do depósito de cálcio no joelho, algo bastante comum quando há tendinite. Uma ressonância ainda pode ser útil para o diagnóstico de uma lesão mais grave no tendão,\ ou mesmo da bursite. A bursite é a inflamação da bursa, umas bolsas de líquido sinovial presentes nas articulações e que minimizam o atrito entre as estruturas durante os movimentos.
Tratamentos da tendinite patelar
Quando a tendinite ainda está em seu estágio inicial, é possível tratá-la mais facilmente. Uma técnica que ajuda bastante é a aplicação de gelo no local. Para isso é necessário que o indivíduo coloque a perna afetada em repouso, posicione uma bolsa de gelo sobre o joelho por cerca de 25 – 30 minutos, 3 vezes por dia

Porém, caso a dor não desapareça em três dias, é sinal de que o problema é pouco mais intenso. Logo, é fundamental buscar o médico e solicitar o diagnóstico da condição. Com o diagnóstico realizado, o ortopedista poderá receitar analgésicos e anti-inflamatórios ao paciente. Geralmente são utilizados medicamentos como o Ibuprofeno ou o Naproxeno.
Somado ao uso dos remédios, é indicado que o paciente realize uma avaliação e algumas sessões de fisioterapia, com foco na reabilitação do tendão inflamado. Continue acompanhando o texto, que logo mais apresentaremos os exercícios mais comumente realizados.
Se a inflamação for mais resistente, é relativamente comum que o médico indique a injeção direta de medicamentos no joelho. Os remédios a base de cortisona podem aliviar a dor, mas também enfraquecer o tendão no futuro. Por isso, sua utilização é bastante ponderada. Além destes, é possível usar o tratamento com laser e o ultrassom com o gel e anti-inflamatório na fisioterapia.
Por fim, a cirurgia é indicada em casos mais graves. Ainda assim, o procedimento é bastante raro, pois os métodos conservadores geralmente conseguem tratar o problema. Quando utilizada, a operação faz a incisão do tendão danificado e limpeza da estrutura.
Fisioterapia para a reabilitação
O primeiro passo para a fisioterapia, é investir em procedimentos específicos, como o tratamento com laser e ultra-som que ajudam a acelerar o processo de reparação do tendão, auxiliando na redução da inflamação.
Ainda na fase aguda ou no início do tratamento não é incomum que o fisioterapeuta solicite que o paciente reduza a carga das atividades esportivas. Na grande maioria das vezes não é necessário que o mesmo seja afastado completamente dos treinos, mas os intervalos entre eles podem ser mais longos e o volume e as cargas podem ser diminuídos. Isso é feito para evitar sobrecarga ao passo que o tratamento reduz a dor e os demais sintomas.

Vale lembrar que em casos mais graves e de maior comprometimento do joelho, o atleta ou mesmo o paciente que pratica atividades de finais de semana pode ser solicitado a parar momentaneamente com suas atividades e continuar mantendo o treino cárdio-respiratório em atividades com menor demanda muscular.
Em muitos casos o alongamento do tendão acometido realizado na fase inicial, pode prejudicar o tratamento. Alongar não reduz a inflamação e não gera ganho de força, que são os dois objetivos mais importantes da reabilitação das tendinopatias. Além disso, durante o alongamento é provocado o estiramento (afastamento) das fibras do tendão, que já estão danificadas pelo processo inflamatório e isso, muitas vezes, pode piorar o quadro de lesão tecidual dessa estrutura.
Associado a isso, o quanto antes deve ser iniciado o fortalecimento dos músculos do quadril e sobretudo joelho, na tentativa de devolver aos músculos a capacidade de absorção de cargas, o que alivia a sobrecarga nos tendões, contribuindo para a redução do processo inflamatório e progressão de danos nesse tecido. É de extrema importância que os músculos associados aos tendões inflamados sejam fortalecidos e isso deve ser feito o quanto antes, porém de forma gradual e supervisionada.

Sabe-se também que exercícios excêntricos podem ter papel importante na melhora da dor e na prevenção de futuras lesões no mesmo tendão. Por fim também é preconizado o treino do controle dos movimentos dos membros inferiores, mas estes apresentem alterações importantes. Isso também evita sobrecarga nos tendões e pode evitar lesões futuras.
Lembre-se: o acompanhamento profissional é indispensável ao tratamento, o paciente nunca deve se automedicar e deve seguir as orientações feitas pelo especialista responsável pelo seu quadro.
Prevenção da tendinite e dicas para aliviar os sintomas
-Aplicar gelo no local da dor, por pelo menos 30 minutos logo após a atividade e algumas vezes ao dia;
-Em caso de dor no tendão patelar (dor abaixo da patela), usar tira infrapatelar durante os exercícios ou prática esportiva (tira abaixo da patela para estabilizar o tendão patelar);
-Automassagem na região lateral da coxa com rolo, em caso de dor na lateral do joelho;
-Ter cautela ao aumentar o volume de treino;
-Fortalecer ou reequilibrar a musculatura do joelho e quadril por meio de exercícios localizados;
-Ter bons períodos de descanso entre os treinos;
-Manter o equilíbrio entre boas horas de sono e boa alimentação.
Comments